terça-feira, 22 de dezembro de 2015

2016, O ano da Energia Solar no Brasil

"O ano foi radiante para a energia solar e 2016 será acelerado"


“Até 2024, a expectativa é que o setor (de energia solar fotovoltaica) tenha 7 gigawatts de projetos em operação. E, isto representará, mais ou menos, 4% da matriz energética brasileira”, garante o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, ao ser indagado sobre a participação futura do segmento na geração de energia no Brasil. Tal estimativa, inclusive, demonstra um crescimento significativo, frente aos atuais 0,02% de potencia operando.



Qual o balanço de 2015 para o setor de energia solar no Brasil?
Esse ano foi, sem sombra de dúvidas, um ano radiante para o setor solar fotovoltaico. Uma vez que a gente teve, ao longo de 2015, um crescimento da ordem de 300% para o segmento de micro e minigeração, de pequeno e médio porte instalado em residências, comércios e indústrias.  E, ao mesmo tempo, nos projetos de grande porte, das usinas solares fotovoltaicas, tivemos um pouco mais de R$ 8 bilhões em contratações até 2018. Um investimento que vai ser concretizado. Isto representa também um aumento expressivo ante os mais de R$ 4 bilhões do ano passado. De fato, foi um ano muito positivo para o setor.

O setor teve outros ganhos, além do financeiro? 
A gente teve também esse ano a revisão, a atualização, da chamada resolução normativa 482, de 2012, da micro e minigeração, e que vai permitir, a partir de março de 2016, a criação de novos modelos de negócio, a participação de mais pessoas e empresas, usando energia solar fotovoltaica no seu dia a dia. Esse ano tivemos ainda, do ponto de vista global, um avanço muito importante para a fonte solar fotovoltaica que é o acordo climático da COP21, onde mais de 190 países se reuniram e pactuaram uma transição da economia mundial para uma economia de baixo carbono. Da qual a energia solar fotovoltaica certamente será parte integrante dessa solução.

Apesar da situação econômica do país, com este crescimento, então, o impacto financeiro vai ser positivo? 
Sim. O impacto vai ser positivo uma vez que a energia solar fotovoltaica vai entrar, substituindo energia termoelétrica a custos mais elevado, que são utilizados pelas nossas termoelétricas de apoio do sistema e que tem operado, praticamente, em período integral. Então, vamos ter um benefício econômico. Ao mesmo tempo, a gente vai ter um benefício ambiental, uma vez que o impacto e a emissão de gases e de material particulado no nosso país será reduzido. E um benefício social importante, através da geração de novos empregos e possibilidade de desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva no Brasil, de equipamentos e produtos de energia solar fotovoltaica.




O retorno financeiro e a manutenção destes empregos, pela situação econômica do país, pode ser diminuído a curto prazo? 
Ao mesmo tempo que tivemos no país uma alta do dólar, que impacta negativamente a competitividade da energia solar fotovoltaica, nós tivemos também um aumento muito elevado da tarifa de energia elétrica. Na média nacional, é mais ou menos 50% esse incremento. Por conta disso, o impacto acabou sendo positivo. A nossa fonte continua reduzindo preço dos equipamentos e aumentando a sua eficiência. Então, quando a gente compara 2014 e 2015, a energia solar fotovoltaica, na verdade, tornou-se mais competitiva.

Para 2016, o que podemos esperar? 
 Esse foi um ano, de fato, muito importante para o setor, muito positivo. E, a nossa expectativa para 2016, na verdade, é que a micro e minigeração continue acelerando seu crescimento, o mesmo para a geração distribuída e na centralizada recomendamos que o Governo Federal promova dois leilões. Um para 2018 e outro para 2019. Com isso, acreditamos que seja possível contratar um volume da ordem de gigawatts.



Entrevistado
Rodrigo Sauaia tem 31 anos  e é diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Formação
Graduação em Química pela USP, mestrado em Energias Renováveis no Reino Unido e na Suiça, e doutorado em Energias Renováveis, com foco em Engenharia de Materiais e Energia Solar Fotovoltaica, pela PUC-RS e pelo Instituto Grael Hoffen, da Alemanha.

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